"AS VEZES É PRECISO PARAR E OLHAR PARA LONGE, PARA PODERMOS ENXERGAR O QUE ESTÁ PERTO DE NÓS"

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Quem foi Martinho Lutero?


Nascido em Eisleben, Alemanha, a 10 de novembro de 1483, Lutero era filho de camponeses católicos alemães. Como era comum na época, foi alvo de uma disciplina rígida. O menino Lutero aprendeu, entre outras coisas, a orar aos santos, realizar boas obras e reverenciar o papa e a igreja.

Cedo, aos 5 anos, Lutero começou a estudar latim em uma escola local. Já aos 12 anos, foi aluno de uma escola de uma irmandade religiosa em Magdeburgo. Em 1505 recebeu grau de Mestre em Artes da Universidade de Erfurt, e em 1505 e começou a estudar Direito.

Pouco tempo após iniciar seus estudos de Direito, Lutero resolveu tornar-se monge e entrou no Mosteiro Agostiniano de Erfurt. A sua ordenação foi em 1507. Em seguida, deixou o Mosteiro para ensinar filosofia moral na Universidade de Wittenberg.

Continuando seus estudos, Lutero obteve o título de Doutor em Teologia. De 1513 a 1518, ensinou Teologia Bíblica na Universidade de Wittenberg. Nessa época, começou a tornar-se bastante conhecido. Após certa idade, Lutero começou a ser afligido por uma angústia que pode ser sintetizada em uma pergunta: se o coração da pessoa é governado pelo pecado, como pode esperar salvação diante de Deus? Por causa do que havia aprendido, procurou resposta - e paz - através de boas obras, incluindo jejuns e autoflagelação. Contudo, seu sentimento de incapacidade para sentir paz diante de Deus continuou, levando-o às portas do desespero.

A aflição de Lutero somente encontrou resposta no dia em que encontrou na Bíblia a certeza de que não há como alguém merecer o favor de Deus por causa de alguma coisa que faz; que a única forma de alguém obter o favor Deus é através da fé em Jesus Cristo; que é através da fé em Jesus que os pecados são perdoados por Deus. Este entendimento, conhecido como a doutrina da justificação pela fé, tornou-se um dos pilares do pensamento religioso de Lutero.

A Igreja Romana da época costumava dizer que algumas pessoas possuíam mais méritos do que tinham necessidade para serem salvas. Por isso, o "mérito extra" dessas pessoas poderia ser transferido - especialmente através de pagamento - para pessoas cuja salvação era duvidosa. Lutero protestou contra esta prática, chamada de indulgência. Em 31 de outubro de 1517, Lutero afixou uma série de críticas - que se tornaram conhecidas como 95 Teses - na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. As Teses eram um protesto contra o abuso da autoridade do Papa, especialmente no sentido de desafiar o Papa a esvaziar de graça o purgatório, já que diz controlá-lo. Lutero também negou o ensino do "mérito extra" que estava por trás das indulgências. Segundo Lutero, o verdadeiro tesouro da Igreja é o Evangelho - a proclamação do amor de Deus. A Igreja Romana ordenou que Lutero se apresentasse em Roma para responder às acusações de heresia. Sabendo do caso, o Príncipe da Saxônia, Frederico o Sábio, interveio e insistiu que a audiência de Lutero fosse realizada em solo alemão. Como resultado, uma Dieta Imperial foi realizada na cidade de Augsburgo, em 1518. Lutero se recusou a mudar de opinião. Temendo ser preso, fugiu de Augsburgo. As idéias de Lutero logo encontraram adeptos em todas as regiões da Alemanha, e mesmo fora dela. A resposta do Papa à situação foi uma bula (ordem papal), ameaçando Lutero de excomunhão, caso não se retratasse. Em protesto, ele queimou publicamente a Bula e foi excomungado em janeiro de 1521. Em junho de 1525, Lutero casou-se com Catarina de Bora, uma ex-freira. Os dois tiveram seis filhos e abrigaram onze órfãos. Lutero publicou cerca de 400 obras durante a sua vida, incluindo comentários bíblicos, catecismos, sermões e tratados. Também escreveu hinos para a Igreja. Parte de suas obras estão publicadas em diversas línguas modernas.

Lutero faleceu de derrame cerebral em 1546, aos 63 anos de idade, em sua cidade Natal, Eisleben. Seu corpo foi sepultado na Igreja do Castelo de Wittenberg, onde, cerca de 30 anos antes, havia afixado suas 95 Teses.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

As 95 Teses que deram origem a Reforma Protestante



Debate para o esclarecimento do valor das indulgênciaspelo Dr. Martin Luther, 1517

Por amor à verdade e no empenho de elucidá-la, discutir-se-á o seguinte em Wittenberg, sob a presidência do reverendo padre Martinho Lutero, mestre de Artes e de Santa Teologia e professor catedrático desta última, naquela localidade. Por esta razão, ele solicita que os que não puderem estar presentes e debater conosco oralmente o façam por escrito, mesmo que ausentes. Em nome do nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.


1.Ao dizer: "Fazei penitência", etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência.

2.Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes).

3.No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula, se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.

4.Por conseqüência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.

5.O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones.

6.O papa não pode remitir culpa alguma senão declarando e confirmando que ela foi perdoada por Deus, ou, sem dúvida, remitindo-a nos casos reservados para si; se estes forem desprezados, a culpa permanecerá por inteiro.

7.Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.

8.Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos.

9.Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade.

10.Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório.

11.Essa erva daninha de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam.

12.Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição.

13.Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas.

14.Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais, quanto menor for o amor.

15.Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.

16.Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semidesespero e a segurança.

17.Parece desnecessário, para as almas no purgatório, que o horror diminua na medida em que cresce o amor.

18.Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontram fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.

19.Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza.

20.Portanto, sob remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs.

21.Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do papa.

22.Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida.

23.Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos.

24.Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena.

25.O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em particular.

26.O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão.

27.Pregam doutrina humana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu].

28.Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, podem aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.

29.E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas? Dizem que este não foi o caso com S. Severino e S. Pascoal.

30.Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão.

31.Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo.

32.Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência.

33.Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Deus.

34.Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humanos.

35.Não pregam cristãmente os que ensinam não ser necessária a contrição àqueles que querem resgatar ou adquirir breves confessionais.

36.Qualquer cristão verdadeiramente arrependido tem direito à remissão pela de pena e culpa, mesmo sem carta de indulgência.

37.Qualquer cristão verdadeiro, seja vivo, seja morto, tem participação em todos os bens de Cristo e da Igreja, por dádiva de Deus, mesmo sem carta de indulgência.

38.Mesmo assim, a remissão e participação do papa de forma alguma devem ser desprezadas, porque (como disse) constituem declaração do perdão divino.

39.Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar perante o povo ao mesmo tempo, a liberdade das indulgências e a verdadeira contrição.

40.A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz odiá-las, pelo menos dando ocasião para tanto.

41.Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.

42.Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia.

43.Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências.

44.Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.

45.Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.

46.Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência.

47.Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.

48.Deve-se ensinar aos cristãos que, ao conceder indulgências, o papa, assim como mais necessita, da mesma forma mais deseja uma oração devota a seu favor do que o dinheiro que se está pronto a pagar.

49.Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas.

50.Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.

51.Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto - como é seu dever - a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extraem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.

52.Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas.

53.São inimigos de Cristo e do papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.

54.Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela.

55.A atitude do papa é necessariamente esta: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias.

56.Os tesouros da Igreja, dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.

57.É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam.

58.Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior.

59.S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua época.

60.É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que lhe foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem este tesouro.

61.Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos, o poder do papa por si só é suficiente.

62.O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.

63.Este tesouro, entretanto, é o mais odiado, e com razão, porque faz com que os primeiros sejam os últimos.

64.Em contrapartida, o tesouro das indulgências é o mais benquisto, e com razão, pois faz dos últimos os primeiros.

65.Por esta razão, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas.

66.Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens.

67.As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas como tal, na medida em que dão boa renda.

68.Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade na cruz.

69.Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências apostólicas.

70.Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbido pelo papa.

71.Seja excomungado e maldito quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.

72.Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências.

73.Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências,

74.Muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram defraudar a santa caridade e verdade.

75.A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes ao ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura.

76.Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados veniais no que se refere à sua culpa.

77.A afirmação de que nem mesmo S. Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o papa.

78.Afirmamos, ao contrário, que também este, assim como qualquer papa, tem graças maiores, quais sejam, o Evangelho, os poderes, os dons de curar, etc., como está escrito em 1 Co 12.

79.É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insignemente erguida, equivale à cruz de Cristo.

80.Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes conversas sejam difundidas entre o povo.

81.Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil, nem para os homens doutos, defender a dignidade do papa contra calúnias ou perguntas, sem dúvida argutas, dos leigos.

82.Por exemplo: por que o papa não evacua o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas - o que seria a mais justa de todas as causas -, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica - que é uma causa tão insignificante?

83.Do mesmo modo: por que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos?

84.Do mesmo modo: que nova piedade de Deus e do papa é essa: por causa do dinheiro, permitem ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, porém não a redimem por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta, por amor gratuito?

85.Do mesmo modo: por que os cânones penitenciais - de fato e por desuso já há muito revogados e mortos - ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor?

86.Do mesmo modo: por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos mais ricos Crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?

87.Do mesmo modo: o que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à remissão e participação plenária?

88.Do mesmo modo: que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações 100 vezes ao dia a qualquer dos fiéis?

89.Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?

90.Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e desgraçar os cristãos.

91.Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.

92.Fora, pois, com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo: "Paz, paz!" sem que haja paz!

93.Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo: "Cruz! Cruz!" sem que haja cruz!

94.Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e do inferno;

95.E, assim, a que confiem que entrarão no céu antes através de muitas tribulações do que pela segurança da paz.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

REFORMA LUTERANA

No dia 31 de outubro comemora-se a Reforma Luterana. Nesta mesma data em 1517, o Dr. Martinho Lutero pregou às portas da Catedral da cidade de Wittenberg, na Alemanha, as 95 teses que marcam o início do movimento do qual nasceu a Igreja Luterana.

Mas não são as teses de Lutero o motivo pelo qual a Reforma é lembrada. Isto se deve porque o movimento da Reforma restabeleceu o conceito bíblico sobre as três colunas básicas do cristianismo, que são: As escrituras, a graça e a fé.

A respeito das escrituras – a Bíblia Sagrada – cremos ser ela a Palavra de Deus em que o próprio Deus nos diz quem ele é, quem somos nós, e tudo quanto ele nos oferece. Por isso reconhecemos a Bíblia como única e suficiente norma de fé e conduta cristã. O apóstolo Paulo fala da Bíblia como sendo “as sagradas letras que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus”. (2 Timóteo 3.15)

A respeito da graça de Deus, conforme o claro testemunho da Bíblia, cremos que Deus oferece, através de Cristo, o perdão dos pecados e a salvação eterna, sem exigir de nós qualquer pagamento, porquanto Cristo, mediante a sua vida santa e o seu sacrifício expiatório, pagou total e integralmente o preço da redenção de nossas almas. E tendo sido desta forma satisfeita a justiça de Deus. Deus oferece de graça, tanto o perdão total dos nossos pecados, como a salvação eterna a todos os que crêem. O apóstolo Paulo diz: “Todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus.” (Romanos 3.23 e 24)

A respeito da fé, cremos ser ela a certeza de que tudo quanto a Bíblia diz sobre nós e sobre Deus é verdade. A fé, pois, aceita a graça de Deus, confia no perdão e espera a salvação. A fé é um dom de Deus. O apóstolo Paulo diz: “Justificados mediante a fé, tenhamos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus cristo. E gloriemo-nos na esperança da glória de Deus.” (Romanos 5.1 e 2)

A compreensão bíblica dessas três colunas do cristianismo é um dos grandes motivos porque os luteranos comemoram a Reforma. Escrituras, graça e fé são também o fundamento sobre o qual os filhos de Deus edificam suas vidas; são os parâmetros que nos orientam em meio a tantos desvios de conduta que presenciamos diariamente em nossa sociedade. Escrituras, graça de Deus e fé em Deus, são fontes da “esperança da glória de Deus”. Amém.

Pastor Paulo Kerte Jung
1o Vice-Presidente da
Igreja Evangélica Luterana do Brasil – IELB.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A Rosa de Lutero e seu significado



*A cruz preta, no centro da rosa, lembra que em Jesus o próprio Deus vem ao nosso encontro, sacrificando sua vida e vencendo o poder da morte em nosso favor, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3.16).

* A cruz preta, envolvida pelo coração vermelho, significa que Cristo agiu na nossa vida através da cruz. A nossa vida recebe um novo sentido. Ele é o mais importante. A partir dele todas as coisas e pessoas recebem seus devidos lugares e seu valor. O coração nos faz recordar que é pela fé que somos justificados. A cor vemelha é símbolo do amor que se doa e reparte. Assim como Cristo nos amou, também os seus se amam uns aos outros. Assim como Cristo serve aos seus, eles servem uns aos outros, cada qual conforme o dom que recebeu (Gálatas 6.2).

* As cinco pétalas brancas assinalam que, pela fé, atuante em prol da justiça e da paz, temos alegria, consolo e paz com Deus, conosco mesmos e uns com os outros. Quando a cruz de Cristo tem lugar em nossa vida, ocorre uma transformação. O reino de Deus se faz presente com todas as suas promessas.

*O fundo azul lembra o céu e aponta para a fidelidade de Deus. Deus está conosco. Em Cristo ele nos veio salvar e unir em comunidade. Podemos viver com e para Deus, como sinais de seu reino, já aqui e agora. A cor azul é também esperança no futuro, pois lembra a eternidade.

* O anel dourado lembra o ouro, metal mais precioso. Este anel representa as dádivas que recebemos através da cruz e ressurreição de Jesus. Pela fé recebemos perdão, comunhão, esperança, sentido de vida, o pão de cada dia... Aponta também para aquilo que, na eternidade, nos será dado: alegria sem fim, satisfação de todas as nossas necessidades e anseios. Então veremos, face a face, aquele no qual temos crido.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Homenagem aos Professores pelo seu dia

Professor honrado e feliz

Um decreto federal de 1963 explica a razão para o feriado deste 15 de outubro: "Para comemorar condignamente o Dia do Professor, os estabelecimentos de ensino promoverão solenidades em que se enalteça a função do mestre na sociedade moderna, fazendo participar os alunos e as famílias". Isto é do tempo em que professor mandava no aluno e era respeitado. Havia educação na sala de aula porque ela vinha de casa. Hoje professor virou guarda de trânsito e as regras pouco resolvem. Mas então qual o jeito para enaltecer a função do professor quando a maior honra é o respeito na sala de aula?

Será que é seguindo o exemplo de um projeto de lei na Câmara de Vereadores de Porto Alegre? A lei permite que os guardas municipais fiquem escondidos com o radar móvel para multar os motoristas infratores. Mas um especialista em trânsito diz que "a função dos agentes de trânsito deve ser educativa e não punitiva". Creio que o mesmo vale para o professor. Além do mais, "pardais" de tocaia, câmeras de vigilância resolvem apenas um problema localizado e momentâneo e deixam um rastro de desconfiança, desconforto e insatisfação.

Creio que o caminho para enaltecer o professor segue o mesmo princípio de uma recomendação bíblica que diz respeito àqueles que ensinam a Palavra de Deus. Lemos na carta aos Hebreus: "Obedeçam aos seus líderes e sigam as suas ordens, pois eles cuidam sempre das necessidades espirituais de vocês porque sabem que vão prestar contas disso a Deus. Se vocês obedecerem, eles farão o trabalho com alegria; mas se vocês não obedecerem, eles trabalharão com tristeza, e isso não ajudará vocês em nada" (13.17). Não é por nada que os sacerdotes da escola estão desanimados, tristes. E quem perde é toda uma sociedade que depende de bons cidadãos. A conseqüência é esta falta de educação no trânsito e na sociedade em geral. Um problema que vem da escola, que vem de professores desanimados. Um problema que começa mesmo em casa, porque professor existe para ensinar e não para educar.

Por isto nada resolve encher as escolas com câmeras e transformar os professores em policiais se quisermos mestres que ensinem com alegria e entusiasmo, e filhos preparados para a vida profissional e social. Aliás, o próprio Mestre Jesus necessitou de discípulos que o amassem para que a lição do reino de Deus fosse aprendida. E depois de honrado, não teve receio de se rebaixar lavando os pés deles. "Se eu, o Senhor e o Mestre, lavei os pés de vocês", então façam o mesmo, lembra o Salvador (João 13.14). No final, a melhor educação é a humildade em aprender.

pastor luterano

mar...@terra.com.br

Igreja Evangélica Luterana do Brasil